Mesmo com a saída de Antonio Palocci do governo, a oposição e o Ministério Público continuam na investigação do patrimônio do ex-ministro-chefe da Casa Civil.
Mesmo com a saída de Antonio Palocci do governo, o Ministério Público e a oposição continuam na investigação do patrimônio do ex-ministro-chefe da Casa Civil.
As apurações não estão sendo feitas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que concluiu parecer pelo arquivamento de representações de partidos de oposição contra Palocci, mas pelo Ministério Público do Distrito Federal.
Ontem, o procurador da República no Distrito Federal, Paulo José Rocha Júnior, recebeu o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), para discutir o caso. "Senti nele a disposição para buscar as informações que até agora não foram dadas", disse Bueno, após o encontro.
De fato, o procurador Rocha Júnior pediu documentos envolvendo a empresa Projeto, de Palocci, como a lista de clientes, o valor dos contratos e dados fiscais. O prazo para a entre ga dessas informações termina em cinco dias.
Para o líder do PPS, o fato de Palocci deixar o cargo não pode significar o fim das investigações. "Até agora nada foi explicado e não é porque se deixa um cargo que o crime deixa de existir. Ele permanece até que seja elucidado e punido", disse o parlamentar.
Bueno ressaltou que o MP de São Paulo está investigando os bens de Palocci na capital paulista e o suposto uso de laranjas para aquisição de imóveis.
Ao arquivar as representações, na segunda-feira, Gurgel concluiu que não há indícios de crime de tráfico de influência por Palocci, mas enfatizou que o MP do Distrito Federal poderia investigar um suposto crime de improbidade administrativa pelo ex-ministro-chefe. O mesmo vale para o MP de São Paulo, que pode investigar questões envolvendo a compra de imóveis por Palocci.
No dia seguinte à queda do ex-ministro, os parlamentares não conseguiram levar adiante as tentativas de levá-lo para depor na Câmara d os Deputados. Ao contrário da semana passada, quando deputados da base aliada cochilaram e permitiram a aprovação de um requerimento convocando o então ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para prestar esclarecimentos sobre sua evolução patrimonial, ontem os governistas conseguiram impedir a aprovação da ata dessa reunião. Com isso, a oposição não consegue, por ora, convocar o ex-ministro e manter o caso no noticiário, conforme anunciara anteontem após sua demissão.
A reunião na comissão foi tensa, com discussões entre a base e a oposição. O principal alvo era o presidente da comissão, Lira Maia (DEM-PI), a quem petistas acusaram de ter perdido a legitimidade para conduzir a comissão. Foi ele quem, na semana passada, contou os votos e determinou o resultado favorável à convocação de Palocci.
Diante do insucesso, a alternativa foi apresentar um requerimento de convite a Palocci na comissão de fiscalização financeira e controle e aguardar a negociação com os governi stas. Era esse o caminho que havia sido acertado com o governo antes da saída do ministro. Ocorre que, com a alteração do cenário político, os governistas querem que a comissão a convidar seja alguma das presididas pelo PT, como a de Constituição e Justiça, e que a presença de Palocci não ocorra no curto prazo.
No Senado, o requerimento de convite ao ex-ministro Antonio Palocci para dar explicações foi rejeitado, pela CCJ, por um placar de 14 a seis. A comissão votou o convite porque não poderia mais ser convocação, uma vez que ele não é mais ministro.