Pousadas de romeiros poderão perder o alvará de funcionamento caso não cumpram as exigências da Promotoria.

Mais higiene, condições dignas de hospedagem e cumprimento de regulamentos estabelecidos pela Vigilância Sanitária estão entre as exigências a serem intensificadas pelo Ministério Público em relação aos ranchos e pousadas, neste Município. Ontem, pela primeira vez, foi realizada uma reunião com os proprietários dos ranchos e pousadas, no Círculo Operário São José, e o órgão, que orientou os romeiros dos procedimentos mínimos que devem ser tomados a partir de agora. Na próxima romaria, de 29 a 2 de novembro, a maior da cidade, as hospedagens já devem iniciar as adequações. Do contrário, os abusos poderão incidir em fechamento dos estabelecimentos.

Um diagnóstico inicial dos principais problemas identificados em 33 ranchos foi apresentado por técnicos da Vigilância Sanitária do Município, na reunião, no intuito de mostrar os pontos frágeis que precisam ser melhorados. No próximo ano, as inspeções poderão resultar em fechamento dos estabelecimentos. Entre os problemas foram identificados mofos nos tetos das casas, infiltrações, ausência de bebedouros, extintores, colchões e lençóis sujos, camas danificadas, ventilações insuficientes, principalmente para este que é o período mais quente do ano, ausência de banheiros por sexo em alguns deles, falta de material de limpeza para higiene das mãos, falta de lixeiras nos banheiros com pedal, dentre outros pontos. Mas a superlotação dos ranchos, além de outros pontos foram ressaltados, na reunião.

A promotora de Justiça, Alessandra Magda Ribeiro Monteiro, diz que a meta não é ter que fechar os ranchos, mas orientar as pessoas. A finalidade não é cobrar e nem assustar as pessoas com a cobrança de melhorias que elas não possam fazer em seus estabelecimentos no momento. Enfatiza que são melhorias simples, desde a questão das condições de higiene até a qualidade da água servida.

Durante inspeções que foram realizadas com a Vigilância Sanitária em setembro, na Romaria de Nossa Senhora das Dores, a promotora viu nos locais problemas relacionados à questão do abastecimento de água. Ela lamentou na reunião a pouca representatividade dos proprietários de ranchos. Segundo levantamentos realizados pela Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Romaria de Juazeiro, são cerca de 300 estabelecimentos que envolvem ranchos, mas há as hospedarias, pousadas e também hotéis.

Vigilância Sanitária

Outro problema constatado nas inspeções foi a falta de cadastro dos hóspedes. Normalmente, segundo a promotora, eles registram apenas o nome do fretante. Há também as questões sanitárias e de segurança que compromete as hospedarias.

Em alguns dos ranchos, já pela problemática do abastecimento, as águas são provindas de poços que muitas vezes foram cavados nas proximidades de fossas. A Vigilância Sanitária fez um alerta para que essas águas passassem por exames. No caso das águas servidas pela Cagece, que também foram alvos de críticas por parte dos donos de ranchos, serão examinadas com maior rigor. A Vigilância estará recebendo reclamações nesse sentido.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Romaria, o problema dos ranchos lidera reclamações por parte dos romeiros, principalmente relacionadas aos preços e às condições de acolhimento. Para o secretário, José Carlos dos Santos, é importante estabelecer um diálogo com os proprietários de ranchos, no intuito de humanizar e melhorar o processo das romarias. A ideia da reunião, que também contou com representantes das secretarias de municipais e da Igreja, é possibilitar novas alternativas que facilitem para os donos das hospedagens investirem em condições adequadas.

Para isso, de acordo com José Carlos, haverá a possibilidade de criarem uma entidade, que irá auxiliar nesse processo de melhorias, e também foram propostas capacitações, como forma de trabalhar a recepção dos romeiros e serviços oferecidos.

Para o proprietário de rancho próximo à Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, Narciso Barbosa Vanderlei, a reunião é importante para chamar a atenção dos donos de ranchos quanto às questões que ele considera básicas, como higiene. Na reunião, ele disse que sentiu falta de representantes da Secretaria de Infraestrutura da cidade, para também se discutir a questão do saneamento básico. Ele relatou problema de esgotamento, e se sentiu prejudicado na última romaria na cidade.

Fonte: Diário do Nordeste – CE