Procuradores avaliam se é constitucional forças federais atuarem também no papel de policiais civis, diante da nova greve.

O Ministério Público Federal vai analisar se há permissão constitucional para que militares das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança instalados no Ceará possam também atuar como polícia judiciária, durante a greve na Polícia Civil.

A intenção disso foi confirmada pelo Comando da 10ª Região Militar, que está na coordenação das tropas. Ontem, em nota à imprensa, o Exército confirmou que já faz “a segurança nas delegacias de Fortaleza e na Superintendência da Polícia Civil”. E que 23 escrivães federais, ligados ao Ministério da Justiça, chegarão à Capital para realizarem atendimento à população.

O MPF-CE abriu, desde a última terça, 3, um procedimento administrativo para acompanhar os possíveis excessos ou omissões das tropas que se registrem enquanto durar a Operação Força Ceará. O cuidado a ser tomado enquanto havia a paralisação dos PMs e Bombeiros – que durou seis dias, encerrada na madrugada de quarta-feira -, agora está com os dias de greve da Polícia Civil – iniciada também na terça-feira.

Três procuradores da República – Francisco Macêdo, Alessander Sales e Fernando Braga – acompanham a atuação do contingente federal. Há homens do Exército, Marinha, Aeronáutica e da Força Nacional de Segurança patrulhando as ruas e prédios públicos. Na própria terça, os procuradores tiveram reunião com o Comando Militar e representantes do governo estadual para avisar do procedimento administrativo e seu caráter preventivo.

Por ato da presidente da República, Dilma Rousseff, válido desde a última sexta-feira, as tropas federais assumiram todo o aparato e passaram a dar as ordens da Segurança Pública no Ceará. A intervenção foi assinada a pedido do governador. Quando Cid Gomes solicitou o apoio dos militares, ainda não havia a greve na Civil. A paralisação interrompeu o atendimento a registros de boletim de ocorrência, autorização para exame de corpo de delito ou liberação de guias cadavéricas.

O papel de cada

Ontem, até o início da noite, os procuradores não haviam recebido uma informação prometida sobre como é o plano operacional coordenado pelo Exército. “Aguardamos o documento que explique como será a atuação do Exército e da Força Nacional de Segurança, para saber se podem ou não desempenhar esse papel”, explicou o procurador Alessander Sales.

No Rio de Janeiro, no ano passado, na permanência das Forças Armadas nos morros cariocas, foram registrados abusos de autoridade. “Queremos evitar que isso venha a acontecer por aqui. É precaução”, diz. O procurador descreve que uma ocorrência não atendida deliberadamente ou uma ordem judicial não cumprida poderá ser considerada como caso de omissão.

Na nota de ontem à imprensa, o Comando da 10ª RM confirmou que já são 1.400 homens só do efetivo do Exército e que foi estabelecido “diálogo contínuo com a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Civil. A Operação Força Ceará, segundo o Comando, só pode ser destituída também por ordem da presidente Dilma.

ENTENDA A NOTÍCIA

Membros do Ministério Público Federal aguardam informações das tropas federais. Querem detalhamento sobre como os efetivos do Exército e Força Nacional de Segurança estão atuando nas ruas de Fortaleza. Ontem, em nota, Comando dos militares confirmou atuação nas delegacias.

SERVIÇO

Em caso de ocorrências, você pode ligar para o Ciops ou para o Ronda do Quarteirão.

Telefone: 190 ou www.sspds.ce.gov.br

No O POVO Online, é possível consultar os telefones do Ronda do Quarteirão. Basta acessar: www.opovo.com.br/ servicos/ronda.

Os telefones das delegacias estão no site da Polícia Civil: www.policiacivil.ce.gov.br. Dá para registrar Boletins de Ocorrência (BO) através do link “Delegacia Eletrônica”. É possível informar furto ou extravio de objetos e desaparecimento.

Saiba mais

Poder generalizado
Para o procurador da República Alessander Sales, os termos do decreto da presidente Dilma “são muito generalizados”. Segundo ele, o ato atribui poder às tropas federais sobre todo o aparelho da Segurança Pública do Ceará, sem definir especificações.

Fonte: O Povo/CE