A situação alarmante fez com que o promotor de Justiça Alexandre Alcântara e a professora Fátima Limaverde, diretora da escola Vila, abrissem uma representação contra a União e o Estado.
Os problemas enfrentados pelos que precisam usar a BR-116 para a locomoção diária são bem mais complexos do que o tempo gasto nos engarrafamentos já tradicionais. Nos últimos quatro anos, foram 125 mortes por acidentes entre os quilômetros 0 e 14,9 da rodovia, sendo 64% por atropelamentos. E das 80 pessoas atropeladas, 37,75% tinham mais de 60 anos.
As reivindicações dos cidadãos que moram nas redondezas da rodovia pedem por mais segurança no ir e vir cotidiano com a construção de passarelas, mas continuam a experimentar um risco constante. Nos 15 primeiros quilômetros existem duas passarelas sem manutenção e é possível flagrar dezenas de pessoas tentando atravessar a rodovia por entre carros em alta velocidade.
A situação alarmante fez com que o promotor de Justiça Alexandre Alcântara e a professora Fátima Limaverde, diretora da escola Vila, abrissem uma representação contra a União (Ministério dos Transportes e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit) e o Estado do Ceará (Departamento Estadual de Trânsito – Detran). O motivo é a ausência de passarelas, mais fiscalização, colocação de alambrados e campanhas de educação para a diminuição de acidentes na rodovia.
Segundo Fátima, a escola Vila se envolveu na questão da segurança da rodovia e coletou duas mil assinaturas cobrando um posicionamento dos órgãos públicos quanto à diminuição dos acidentes no local. ”Quem anda na BR-116 corre o risco de matar ou morrer”, comentou ela.
Mais atenção
O promotor Alexandre Alcântara explicou que a representação é uma forma de reverberar uma notícia que está afrontando a vida. “É uma situação para a qual o Ministério Público pede atenção. Deve-se instaurar um procedimento administrativo, ouvir os órgãos, pedir estudos. Caso essas autoridades não revejam a situação, pode-se entrar com uma ação civil pública”, explicou.
“Meu filho de 14 anos passa aqui todo dia na volta do colégio, mas eu tenho medo, porque pode cair lá de cima. Mas ele não passa pela pista, porque é pedir para morrer”, comentou Manoel Albuquerque após atravessar a BR-116 pela passarela, empurrando a bicicleta.
E é assim, entre o enorme risco de atravessar a rodovia e a insegurança e escassez das passarelas que muitos enfrentam a necessidade da passagem. Francisco Marciano dos Santos trabalha próximo à BR-116 e, às vezes, é obrigado a encarar as seis faixas para chegar ao destino. “Eu sempre uso a passarela, não me arrisco na pista. Já vi um atropelamento há um tempo”, narrou.
O Dnit, responsável pelos projetos de passarelas e pela manutenção das existentes na BR-116, foi procurada. Mas tanto a assessoria de Brasília como a local não retornaram com o posicionamento do órgão sobre o assunto até o fechamento desta edição.
Como
ENTENDA A NOTÍCIA
A situação dos acidentes que vitimam muitos pedestres nos primeiros quilômetros da BR-116 é alarmante. Promotor de justiça e diretora de escola entraram com uma representação contra União e o Estado para que haja ações.
Saiba mais
Vítimas fatais em acidentes nos 15 primeiros quilômetros da BR 116 de 2007
a 2011:
– 80 por atropelamento
– 22 por colisão com bicicleta
– 6 por colisão com objeto fixo
– 5 por colisão traseira
– 4 por colisão lateral
– 2 por capotamento
– 2 por colisão transversal
– 4 por outros
Total: 125 vítimas fatais
Trechos com mais vítimas fatais
– Km 2 a 2,9 – 20 vítimas
– Km 9 a 9,9 – 18 vítimas
– Km 3 a 3,9 e 4 a 4,9 – 10 vítimas
– Km 10 a 10,9 e 6 a 6,9 – 9 vítimas
– Km 1 a 1,9 e 11 a 11,9 – 8 vítimas
Números de acidentes em 2011
– BR-116 – 1.905
– BR-222 – 1.230
– BR-020 – 600
– BR-304 – 80
Número de mortos nas rodovias federais do Ceará em 2011
– BR-116 – 126 (em toda a extensão)
– BR-222 – 62
– BR-020 – 36
– BR 304 – 03
Vítimas fatais nos 20 quilômetros iniciais
BR 116 – 42
BR 222 – 18
BR 020 – 09
Fonte: O Povo/CE