Após uma manhã de mobilização entre promotores de Justiça do Ceará, a categoria se reuniu ontem, a portas fechadas, com o procurador-geral de Justiça do Estado, Ricardo Machado. Era uma nova tentativa de avançar nas negociações em torno das reivindicações da categoria. “A situação é precária? É. Nosso papel é procurar soluções”, admitiu o procurador-geral, em conversa com O POVO, minutos antes da reunião que teve com os promotores.

Após o encontro, o presidente da Associação Cearense do Ministério Público, promotor Rinaldo Janja, chegou a falar em avanços, mas ponderou que a categoria segue insatisfeita com a falta de concretude do diálogo com o procurador. “A gente pode dizer que houve um avanço, porque conseguimos, mais uma vez, conversar com o procurador. O problema é que continuamos sem prazos para o atendimento das demandas”, pontuou.

 

Há meses, os promotores de Justiça do Ceará reclamam das condições de trabalho dos profissionais que atuam, principalmente, no Interior do Estado. Na última semana, a Associação que representa a categoria chegou a publicar nota com série de reivindicações dos promotores, numa tentativa de chamar a atenção para o caso. Entre os principais reclames, está a questão da falta de segurança, que deveria resguardar os profissionais.

 

Por entre os pedidos de melhores condições de trabalho, vinha também a queixa de que a categoria não tinha retorno algum por parte da Procuradoria Geral de Justiça. Em resposta, Ricardo Machado elencou uma série de medidas que já foram tomadas no sentido de atender as demandas dos profissionais do MP.

 

“À medida do que é possível, nós aumentamos o efetivo de policiais militares que atuam para o Ministério Público. Mas a gente precisa esquecer essa ideia de que vai ter um PM para cada promotor. Não existe isso, infelizmente. É completamente inviável (…) Quando assumimos uma função, temos que conhecer os riscos (…) Até o Papa já foi vítima de um atentado”, disparou o procurador-geral, em conversa com O POVO.

 

Ápice da crise

 

O ápice da crise de insatisfação dos promotores de Justiça do Ceará se deu após a denúncia de que o promotor José Carlos Félix da Silva, que atua na comarca do Cariri, estaria sofrendo represálias na região. Imediatamente após receber a informação, o procurador-geral garante ter tomado providências para assegurar a segurança do profissional. “Temos feito isso em todos os casos em que sabemos que o promotor está sob ameaça. Não existe omissão”, enfatizou.”

 

Fonte: O POVO/CE