Após os julgamentos e as condenações do goleiro Bruno e do publicitário Gil Rugai, começa nesta segunda-feira (11/3) mais um julgamento de grande repercussão.

Após os julgamentos e as condenações do goleiro Bruno e do publicitário Gil Rugai, começa nesta segunda-feira (11/3) mais um julgamento de grande repercussão. Acusado de matar a ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, o policial militar aposentado Mizael Bispo de Souza irá a júri popular no Fórum Criminal de Guarulhos, na Grande São Paulo. Previsto para começar às 9h, com duração provável de quatro a cinco dias, será o primeiro julgamento de homicídio transmitido ao vivo pela Justiça paulista.

 

 

O juiz da Vara do Júri de Guarulhos, Leandro Jorge Bittencourt, teve a ideia por conta do grande interesse do público pelo caso e a preocupação com possíveis tumultos no Fórum da cidade. Para ele, a transmissão vai ajudar também a tornar o processo mais imparcial. “Minha preocupação é a imparcialidade do jurado, que ele não chegue aqui com uma ideia predefinida. O fato de estar todo mundo acompanhando, vendo as provas e a parte técnica do júri, pode ajudar.”

 

A defesa do policial aposentado e a acusação concordaram com a proposta. No início, o advogado de Mizael Bispo teve receio que a transmissão prejudicasse o julgamento, mas mudou de opinião. “A gente temia porque poderia influenciar os jurados, viraria um Corinthians e Palmeiras em rede nacional.”. Hoje, ele vê de forma de diferente. “(O julgamento) Será um marco, o ‘big brother’ do Judiciário.”

 

“As sessões e julgamentos são públicos e qualquer pessoa deveria poder acompanhar. Por questões físicas, isso não é possível (não cabe todo mundo no plenário), então nada melhor que todos terem a oportunidade de acompanhar pela TV”, afirmou o promotor Rodrigo Merli Antunes.

 

Nem todo o processo será transmitido. No início do julgamento, os jurados decidirão se permitirão ou não a transmissão de suas imagens e as testemunhas poderão pedir para a transmissão ser interrompida. Também foi decidido que não haverá transmissão da “sala secreta”, onde os jurados decidirão pela condenação ou absolvição de Mizael Bispo.

 

Outros casos

 

No passado, o Brasil já teve julgamentos de homicídio televisionados. No início dos anos 1990, no Rio Grande do Sul, a extinta TV Guaíba transmitiu o julgamento do deputado Antônio Carlos Dexheimer Pereira da Silva, acusado de matar a tiros outro parlamentar, José Antonio Daudt. Ele foi julgado por 22 desembargadores do TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul). Sua absolvição, por 14 votos a sete, foi acompanhada pelo público gaúcho.

 

Em 2012, a Justiça Federal de Alagoas permitiu a transmissão, via internet, do julgamento dos acusados de matar a ex-deputada Ceci Cunha. Julgado mandante do crime, Talvane Albuquerque Neto, que era suplente da ex-deputada, foi condenado a 103 anos de prisão.

 

O assassinato de Mércia

 

A advogada Mércia Nakashima desapareceu em 10 de maio de 2010, após sair da casa dos avós em Guarulhos. Ela tinha 28 anos. Em junho, 19 dias depois, seu corpo foi encontrado uma represa do município de Nazaré Paulista, o interior do estado. Na época, um pescador afirmou à polícia ter visto o carro de Mércia entrar na represa em Nazaré Paulista. Ele ainda disse ter escutado gritos de mulher e ter visto um homem não identificado deixar o veículo.

 

A perícia apurou que a advogada foi agredida, baleada, desmaiou e morreu afogada, já que ela também não sabia nadar.

 

Mizael Bispo foi denunciado pelo Ministério Público de Guarulhos pelo assassinato da advogada. Ele teria cometido o crime por vingança, ciúme, e insatisfação com o fim de um relacionamento amoroso de quatro anos com Mércia. A acusação espera que o réu seja condenado a cumprir 20 anos de prisão em regime fechado.

 

Já preso, Mizael escreveu 56 páginas para se defender das acusações e alegou perseguição da imprensa e da promotoria. O texto trazia o título “Mizael Bispo de Souza – Na Cova dos Leões”.

 

Fonte: Última Instância