Estudo da professora Maria Cecília de Souza Minayo, de 2014, mostra que uma das principais causas externas de morte de idosos é os acidentes de transportes ocorridos no desumano trânsito das cidades brasileiras. Fortaleza não é diferente.

Ao investigar mortes de idosos no desembarque e embarque de ônibus em Fortaleza, descobri um dado assustador: segundo a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), no período de 2010 a 2015, somente do perímetro urbano de Fortaleza, 332 idosos morreram atropelados.

Isso significa uma triste estatística para o trânsito da cidade de Fortaleza: a) mais de 55 idosos mortos por ano; b) quase cinco idosos por mês; c) mais de um idoso por semana; e d) um idoso morto a cada seis dias.

No trânsito da Capital, os idosos passam por uma combinação de desvantagens; dificuldades de movimentos, próprias da idade e da limitação físico/psíquica, se somam a muita falta de respeito e mesmo a violências impingidas por motoristas e as negligências do poder público.

Dentro desse contexto, fato constatado é que algumas dessas mortes ocorreram no momento do embarque e desembarque dos transportes coletivos. O poder público, as empresas de ônibus, motoristas em geral (transportes coletivos e individuais) e a sociedade devem procurar, por todos os meios, evitar que tantos acidentes com tão graves consequências continuem ocorrendo no trânsito de Fortaleza e compreender que, em razão do aumento da expectativa de vida e do consequente número de idosos em nosso país, cada vez mais teremos pessoas desse grupo etário circulando nos espaços públicos.

Mais do que urgente é a necessidade de pensarmos e agirmos para mudar esse cenário de calamidade no trânsito de Fortaleza.

 

Alexandre de Oliveira Alcântara,  é Promotor de Justiça da 17ª Promotoria de Justiça Cível de Fortaleza; especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)

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Fonte: Jornal O Povo