A Associação Cearense do Ministério Público (ACMP) realizou, na manhã desta sexta-feira (14), o ciclo de palestras “Perspectivas e desafios do Combate à Corrupção”. O evento, coordenado pelo Departamento de Estudos Aplicados, contou com a participação do procurador da República Carlos Fernando dos Santos, e dos promotores de Justiça do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) Eloilson Augusto, Igor Pinheiro e Marcus Amorim, além do Dr. Benedito Augusto da Silva Neto como presidente de mesa.
Abrindo o ciclo com o tema “Aspectos práticos da investigação dos crimes de colarinho branco”, Carlos Fernando dos Santos falou sobre os trabalhos realizados na operação Lava Jato. “A Lava Jato real é sobre como a política brasileira se financia de dinheiro ilícito. Corrupção desviando dinheiro do estado não é exclusividade de um partido político específico, é espraiado para quase todos os partidos. Por isso, combatendo a corrupção, nós buscamos melhorar o sistema político brasileiro”, afirmou.
O procurador da República disse ainda que, diante de uma investigação como a Lava Jato, muitas reações acontecem contra os investigadores. “O sistema ou o mecanismo reagirá contra os investigadores, membros do Ministério Público e juízes, tentando colar as pechas de perseguição, interesse político e abuso. É importante estar sempre preparado para uma guerra de comunicação”, completou.
Considerando o avanço no combate à corrupção, e pontuando críticas à operação Lava Jato, o promotor de Justiça Eloilson Augusto compartilhou o receio de o Ministério Público passar a ser um órgão taxado de arbitrário. “A minha crítica e o meu receio é que os frutos colhidos pela Lava Jato possam vir contra nós, sendo cobrados pela sociedade como uma conta caríssima, a ponto de nós passarmos de Ministério Público brilhoso para um órgão que vai ser taxado de arbitrário e, por fim, ser desprestigiado socialmente”.
Fazendo reflexões sobre o combate à corrupção no Ceará, os promotores de Justiça Igor Pinheiro, Marcus Amorim e Iuri Rocha comandaram um debate com perguntas e respostas entre os associados presentes. Um dos temas tratados foram os avanços e dificuldades do Ministério Público do Ceará nesta área.
Os associados defenderam que ainda é necessário avançar em estrutura e também na forma de abordagem dos problemas com que se deparam no combate à corrupção no Estado. “A gente tem sempre que cobrar que o mínimo seja feito e, quando isso não for possível, que sejam criadas as alternativas necessárias. Uma das nossas bandeiras institucionais é a legitimidade social, o Ministério Público tem que atuar no combate à corrupção, isso é o que nos dá legitimidade social contra os ataques que tentam minar nossas atribuições e prerrogativas”, completou Igor Pinheiro.