Índios cobravam R$ 1 mil de garimpeiros em RO O diretor-geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (PNPM), Miguel Antonio Neri, revelou que índios da etnia cinta-larga cobravam R$ 1 mil para a entrada de garimpeiros na reserva indígena Roosevelt, em Rondônia. Para entrada de equipamentos, os garimpeiros desembolsavam cerca de R$ 10 mil. “Na ausência de uma regulamentação sobre a exploração mineral em terras indígenas, os índios começaram a fazer seu próprio sistema de outorga”, afirmou Neri. Ele calcula em 1,4 mil hectares a faixa de extensão do garimpo de diamantes na reserva Roosevelt: “não temos um mapeamento definitivo da área mas, sem dúvida, trata-se de uma reserva extensa, com minerais de alto valor. O estudo das potencialidades e a regularização da extração é fundamental para evitar mais conflitos de degradação ambiental”. O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, admitiu a existência de contratos entre índios e garimpeiros na reserva Roosevelt. Na audiência pública conjunta das Comissões da Amazônia e de Minas e Energia, Lacerda fez um relato sobre o acompanhamento realizado pela PF das atividades ilegais de extração de diamantes na região.

Ele disse que a extração ilegal começou em 1999 e que, até o ano passado, a relação entre índios e garimpeiros era amigável. Ele confirmou o pagamento feito pelos garimpeiros à tribo. De acordo com Lacerda, a disputa de interesses teria levado à chacina. “A PF já vinha diligenciando no local, mas a área é muito extensa. Se colocarmos toda a polícia lá, para fiscalizar, não será suficiente”, afirmou.

Um conflito originado pela exploração de diamantes no local provocou o assassinato de 29 garimpeiros na Semana Santa. Índios cinta-larga assumiram a chacina.

Pedido de CPI A bancada do PPS na Câmara de Deputados já reuniu cerca de 60 assinaturas para pedir a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a exploração de diamantes na reserva indígena Roosevelt.

A informação é do presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, deputado Junior Betão (PPS-AC), autor do requerimento para abertutura da CPI, em conjunto com os deputados Agnaldo Muniz (PPS-RO) e Júlio Delgado (PPS-MG), líder do partido na Câmara.

“Entendemos que precisamos da CPI para apurar a questão da exploração de diamante na reserva e o contrabando pelos indícios de pouso de aeronaves em pista dentro da reserva. Portanto, precisamos dessa CPI para apurar a fundo e passar para a sociedade, na realidade e na íntegra, o que ocorre dentro da reserva Roosevelt”, explicou Junior Betão.

Para apresentar o requerimento de abertura da CPI à mesa da Camara são necessárias 171 assinaturas do total de 513 deputados.