Comissão de sindicância vai apurar a denúncia O presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, Carlão de Oliveira (PFL), nomeou ontem uma comissão de sindicância composta por sete deputados para apurar a denúncia de que parlamentares cobraram propina do governador Ivo Cassol.

´A Assembléia recebeu uma série de denúncias contra o governador, que podem resultar em seu afastamento do cargo, mas ele terá ampla oportunidade de defesa. Os deputados denunciados receberão tratamento idêntico. Vou homologar o que a comissão de sindicância decidir´, disse Oliveira.

Ele explicou que viu a reportagem exibida no ´Fantástico´, mas espera pelas fitas brutas que foram requisitadas através da Justiça. Assim que as receber, entregará à comissão. A briga entre Cassol e deputados não é por poder político, e sim financeiro.

O governador reduziu os repasses previstos no orçamento para a Assembléia Legislativa, Tribunal de Justiça e também para Ministério Público do Estado (MPE). Os poderes só conseguiram manter o orçamento através de decisões judiciais. Até o Tribunal de Justiça teve que se valer de decisões judiciais para receber.

No dia 21 de março a Assembléia autorizou o STJ a processar o governador em uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), por formação de quadrilha e direcionar licitações a empresas ligadas a ele no período em que era prefeito de Rolim de Moura. Desde então, a briga entre Cassol e os deputados se acirrou.

O deputado Nereu Klosinski (PT), de 40 anos, disse que as empresas denunciadas ao STJ são as mesmas que executam mais de metade das obras no governo. ´Duas delas também executavam metade das obras em Alta Floresta do Oeste entre 2001 e 2004, quando a prefeita era Nega Cassol, irmã do governador. Em todas as empresas consta como sócio Aníbal de Jesus Rodrigues, que mantém sociedade com a família Cassol na Pequena Central Elétrica Eletro Primavera´, explicou.

A crise se agravou há duas semanas, quando a Assembléia constituiu uma comissão para apurar denúncia de crime de responsabilidade com pedido de afastamento do governador, em uma ação popular, por descumprir a lei orçamentária.

Klosinski disse que paralelamente a Assembléia começou a apurar denúncia de que Cassol controla as empresas que fornecem marmitex para o governo por até R$ 21, enquanto no comércio de Porto Velho o preço não ultrapassa R$ 4.

Já o deputado Leudo Buriti (PTB) de 41 anos, explica que as denúncias da ligação de Cassol com o contrabando de diamantes da reserva Roosevelt, onde vivem os índios cintas-largas, demonstra que ele encara o governo como uma empresa de sua propriedade.