Três vítimas foram pela primeira vez no forró Uma mulher, que não quis se identificar, afirmou que, mesmo com a confusão na entrada no Vila Forró, o show não foi interrompido. ”A banda continuou tocando. Tinha muita gente correndo, desesperada”

Três das cinco pessoas que morreram no Vila Forró estavam indo pela primeira vez a um show do gênero. Segundo os familiares das vítimas, Maria do Socorro Lima da Silva, Maria Iranilde Torres e Natali Barbosa Andrade nunca haviam ido ao clube. ”Estou chocado com essa situação. Foi a primeira vez que ela me pediu para ir ao forró e acontece uma tragédia dessas”, disse José Carlos de Andrade, pai da jovem Natali Barbosa, 21.

Casado há 26 anos com Maria do Socorro Lima, o aposentado João Martins da Silva disse que a esposa pediu para ir ao show acompanhada do filho. ”Como ela estava com meu filho, eu achei que não teria problema. Mas ela acabou caindo e não conseguiu mais se levantar por causa da multidão que pisava nela. Foi a primeira vez que ela foi a um baile desse tipo”, conta. ”Minha sogra pediu para ir ao show para conhecer como era. Com aquela confusão toda, a gente acabou se perdendo e aconteceu tudo isso”, disse a costureira Maria Claudiane, nora de Maria Iranilde.

Uma mulher, que não quis se identificar, afirmou que, mesmo com a confusão na entrada no Vila Forró, o show não foi interrompido. ”A banda continuou tocando. A gente ficou apavorada com aquela situação. Tinha muita gente correndo, desesperada”, conta. Algumas pessoas que estavam na festa foram até a casa de show na manhã de ontem, na tentativa de encontrar alguns pertences perdidos durante o tumulto. ”Estou tentando achar o documento de identidade da minha namorada, que acabou se machucando nessa confusão. Isso é um absurdo. Essa casa deveria ser fechada”, disse um rapaz que preferiu não se identificar.

O POVO tentou falar com os responsáveis pela banda Calcinha Preta por meio dos telefones fornecidos no site oficial na Internet. Ninguém atendia ao telefone fixo. Uma pessoa que se identificou como Gilson atendeu ao celular que consta no site. Ele perguntou se era sobre o ”problema” na madrugada de ontem, disse que entrasse em contato com a pessoa responsável pela compra do show e desligou o telefone. O POVO tentou novamente, mas Gilson desligou o celular. O proprietário da AM Produções, Assis Monteiro, fugiu no início do tumulto na casa de show.

O superintendente da Polícia Civil, Jaime de Paula Pessoa, e o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, Jocel Dantas, estiveram na manhã de ontem no local do acidente para colher o depoimento de pessoas que moram próximas ao clube.

O POVO também esteve no Vila Forró na manhã de ontem, mas nenhum responsável pela casa apareceu no local, onde haviam apenas alguns trabalhadores que consertavam o portão de entrada e as proteções de ferro, que ficaram destruídos com o tumulto. Até o fechamento dessa edição, O POVO não conseguiu falar com os responsáveis pela casa de show. O promotor do evento está sendo procurado pela Polícia. (Thiago Cafardo e Vanessa Alcântara)

Nomes das vítimas – Maria Iranilde Torres da Silva – 38 anos – Maria do Socorro Lima da Silva – 52 anos – Natali Barbosa Andrade – 21 anos – Zioneida Geracina da Silva – 29 anos – Paulo Sérgio Silva Catarino – 25 anos