Lula inicia semana sob pressões O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta mais uma semana delicada com o aumento das pressões para que faça mudanças em sua equipe. Ontem à noite, Lula teve uma longa conversa com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, cuja situação ficou insustentável, principalmente depois que o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), deu detalhes sobre o esquema de pagamento de “mensalão” a parlamentares da base aliada em troca de votos. Jefferson disse que José Dirceu sabia de tudo.

O chefe da Casa Civil admite deixar o governo, mas quer negociar sua saída com Lula, o que envolveria outras mudanças no ministério. Além do desgaste com as denúncias de Jefferson, Dirceu confidenciou recentemente a parlamentares que teria chegado ao seu limite e estaria cansado do estilo indeciso do presidente Lula. Internamente, Dirceu vem sendo bombardeado também pelo ministro Luiz Gushiken, da Comunicação, e pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Ambos defendem uma aproximação de Lula com setores do PSDB.

Mas o grupo ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP) já avisou que não aceita. Por outro lado, está trabalhando em favor da unidade do PMDB tentando restabelecer a aliança com a ala liderada pelo presidente do partido, deputado Michel Temer, e fortalecer o partido na coalizão. Há ainda uma expectativa de o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, ingressar ao PMDB, desistindo de se filiar ao PSB.

Tião Viana quer que ministros do PT deixem cargos

A pressão em favor de mudanças vai continuar. O senador Tião Viana (PT-AC) vai ocupar hoje a tribuna para pedir que os ministros do PT saiam de cargos deixando o presidente à vontade. Se aceita, a iniciativa ajudaria o ministro José Dirceu, que não quer sair sozinho do governo para não assumir todo o desgaste. Para o senador Tião Viana, a demissão coletiva dos ministros petistas seria um gesto de solidariedade a Lula e uma manifestação segura do partido em favor da estabilidade política.

O senador reconhece que o PT precisa recuperar sua imagem perante à opinião pública e deixar o presidente livre para escolher auxiliares, acima dos partidos políticos e sem qualquer suspeita.

Relatoria da CPI

Governo e oposição voltam a se enfrentar amanhã na escolha do presidente e relator da CPI dos Correios. A oposição indicou o senador Cesar Borges (PFL-BA) para a relatoria, mas os governistas vetaram por conta de sua ligação com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), um crítico duro do governo Lula. Se não conseguirem fechar um acordo, que ainda está difícil, a CPI vai funcionar em um clima de confronto que acirra ainda mais o ambiente de instabilidade política.

Outro palco de debate será o Conselho de Ética da Câmara que, amanhã, ouvirá o depoimento do presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ). A expectativa da oposição é de que ele reafirme as denúncias feitas em entrevista, como também dará mais detalhes sobre o esquema de pagamento de “mensalão” a parlamentares em troca do apoio no Congresso e para trocar de legenda.