Documentos da DNA eram queimados A Polícia Civil de Minas Gerais apreendeu ontem 12 caixas com mais de 2.000 notas fiscais da empresa DNA Propaganda, da qual o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza é sócio, na casa do irmão de seu contador, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. As notas de prestação de serviços -muitas emitidas em nomes de bancos no período de 1998 a 2004, segundo o promotor Leonardo Barbabela – teriam o mesmo destino dos documentos encontrados em dois tambores da casa do ex-policial Marco Túlio Prata, 50: seriam queimadas.

Marco Túlio é irmão do contador Marco Aurélio Prata, cujo escritório de contabilidade foi alvo de uma ação de busca e apreensão no dia 23 de junho pela Polícia Federal, na qual eram procurados documentos das empresas do publicitário. O Ministério Público Estadual suspeitou que documentos das empresas de Marcos Valério, apontado por Roberto Jefferson (PTB-RJ) como operador do suposto ”mensalão”, estivessem sendo destruídos e obteve uma decisão judicial para a instalação de uma escuta telefônica na casa do ex-policial. Foram gravadas conversas entre os irmãos Prata.

”Durante a quebra (do sigilo telefônico) detectou-se que essa documentação estava sendo extraviada para impedir o acesso aos órgãos públicos que estão fazendo as investigações”, disse Barbabela. A Folhapress apurou que entre as milhares de notas fiscais apreendidas estão documentos emitidos pela DNA para o Banco do Brasil e a Eletrobrás. Segundo o promotor, ainda há diversas notas de empresas privadas e principalmente de empresas sub-contratadas pela DNA.

O ex-policial Túlio Prata já era investigado pela polícia por acusação de homicídio. A promotoria de Combate ao Crime Organizado também entrou no caso a partir de uma denúncia de contrabando de armas contra o ele. Dois mandados, um de busca e apreensão e outro da prisão preventiva do ex-policial, foram expedidos pela juíza Electra Benevides.

O ex-policial e seu filho, Venício Prata, 19, resistiram a prisão com armas em punho. Além dos documentos da DNA, na casa do ex-policial – também conhecido como Pratinha – foram encontradas 17 armas, algumas de uso exclusivo da polícia, além de granadas, silenciadores e um rádio transmissor que estava na freqüência da polícia.

Para transportar as armas até a sede da Secretaria de Defesa Social, em Belo Horizonte, a polícia encheu duas malas pretas. Mas as notas fiscais ficaram reservadas em uma sala porque precisavam passar por perícias, segundo o delegado-corregedor Elder D’Angelo. Ele disse que cópias das notas fiscais serão encaminhadas à Polícia Federal e à CPI dos Correios, em Brasília. Ontem, sete senadores chegariam à capital mineira para analisar os documentos apreendidos.

O advogado da DNA Propaganda, Ildeu Cunha Pereira, disse que aguardaria a polícia concluir o auto de apreensão dos documentos para se pronunciar. Ele também não comentou a descoberta das notas fiscais queimadas na casa do irmão do contador da empresa. ”Na hora em que tivermos acesso aos documentos e examiná-los, vamos nos pronunciar”, disse.

O advogado de Marco Túlio Prata, José Arteiro Cavalcante, afirmou que o ex-policial explicou que seu irmão, o contador Marco Aurélio Prata, deixou as caixas com notas fiscais na semana passada na casa de Túlio Prata, e que uma diarista teria queimado os documentos. ”O carro do irmão, que é o contador, deu problema perto de Contagem. Ele deixou as notas lá na casa dele (Túlio) e não foi mais buscar. Ele (Túlio) não tomou conta de nada e a diarista queimou as coisas (as notas)’, disse.

Quanto á informação de que a polícia gravou conversas entre os irmãos sobre a destruição dos documentos, o advogado disse que o ex-policial não foi indagado sobre a escuta durante o depoimento.