PT trabalha com pena branda para Guimarães Culpado, mas nem tanto. Essa deverá ser a linha de defesa que está germinando na bancada do PT para fazer frente à pressão feita pelo PSDB sobre o deputado José Guimarães (PT), envolvido no caso em que seu então assessor, Adalberto Vieira, foi pego com R$ 450 mil em São Paulo, e de estar na lista do operador do ”mensalão”, publicitário Marcos Valério.

A líder petista na Assembléia Legislativa, deputada Rachel Marques, disse ao O POVO que possíveis desdobramentos concretos em relação à punição do petista vai depender da tipificação das irregularidades cometidas. ”Caixa dois é crime eleitoral, mas não é crime dele (Guimarães)”, afirma ela, referindo-se aos R$ 250 mil que saíram das contas de Valério.

A principal linha de defesa de Guimarães sobre o episódio dos R$ 250 mil – de onde é mais provável sair algum tipo de sanção – é o argumento de que o dinheiro veio da direção nacional do PT para pagamento de dívidas de campanha de José Airton Cirilo ao Governo do Estado, em 2002. Guimarães diz que apenas intermediou a liberação do dinheiro e que teria como provar que o mesmo foi gasto na campanha.

De acordo com o Código de Ética da Assembléia, as sanções previstas vão desde censura, verbal ou escrita, suspensão temporária do exercício do mandato e até perda de mandato. ”Temos que ver a gradação (níveis) dos crimes”, afirma Rachel Marques. Ela voltou a dizer que está havendo aproveitamento político da situação, mas admite que o partido tem parcela de culpa. ”Houve erros e os que tiverem relação direta serão punidos”.

O caso está com o ouvidor da Assembléia, Antônio Granja (PSB), que decidirá nos próximos dias se pede a abertura de processo disciplinar contra o petista ou manda arquivar o processo. Os pedidos de investigação contra Guimarães partiram do PSDB, que apresentou três representações – duas pela bancada na Casa e uma pela Executiva estadual do partido. Os três pedidos foram unificados.

O líder do PMDB, deputado Sávio Pontes, diz acreditar que o processo contra Guimarães não será instalado, e explica porque: ”Se abrir um processo contra Guimarães, a Assembléia também vai ter de punir deputados que respondem processos na Justiça”, afirmou. O peemedebista não quis citar os nomes que estariam nessa situação, mas lembra que nem o Ministério Público nem a Polícia Federal tem indícios de crime cometidos por Guimarães.

Guimarães também está na mira da Comissão de Ética do partido. A pena máxima prevista para desvios éticos é a expulsão da legenda. O problema é que a comissão não tem se reunido. Em julho, quando o deputado foi notificado para comparecer à Comissão para dar esclarecimentos, pediu para adiar, não marcou nova data, e desde então o caso vem sendo adiado sucessivamente.

”A reunião não pode passar de segunda-feira que vem”, diz o deputado Nelson Martins (PT), informando que a Comissão se reúne ordinariamente às segundas-feiras, e que ontem não houve reunião por causa do feriado. O parlamentar diz que vai propor uma acareação entre Guimarães, o ex-candidato José Airton o então tesoureiro da campanha de 2002, Antonio Mota.