Guimarães pode ser alvo de novo processo

Na mesma semana em que o Conselho de Ética vota o recurso do PSDB que pede a cassação do mandato do petista pelo uso de caixa 2 na campanha de 2002, o deputado José Guimarães enfrenta a possibilidade de ver reaberto, na Assembléia Legislativa, o processo que trata do ”escândalo da cueca”

A semana promete ser movimentada na Assembléia Legislativa. Entre amanhã e quarta-feira deverá ser votado no Conselho de Ética o recurso do PSDB contra a decisão da subcomissão que aprovou uma suspensão de 30 dias contra José Guimarães (PT). Além disso, processo do Ministério Público divulgado no último dia 2, que relaciona o petista ao ”escândalo da cueca”, também pode abrir novo processo contra o deputado.

Duas representações foram apresentadas este ano contra Guimarães. Uma sobre o suposto uso de caixa 2 na campanha do candidato derrotado ao governo do Estado em 2002, José Airton Cirilo. A subcomissão do Conselho de Ética da Assembléia aprovou o pedido de suspensão de 30 dias do mandato de Guimarães, mas o PSDB apresentou recurso e pretende lutar pela cassação.

Outra representação se refere à prisão de seu ex-assessor Adalberto Vieira em um aeroporto de São Paulo com R$ 208 mil em uma mala e US$ 100 mil escondidos na cueca. Na época da prisão, o PSDB entrou com requerimento pedindo a abertura de investigação. Em setembro, o ouvidor da Assembléia, deputado Antônio Granja (PSB), arquivou a representação se baseando em documentos do Ministério Público e da Polícia Federal que, na época, eximiam o petista de envolvimento no caso.

Com o fim das investigações, porém, o Ministério Público entrou com uma ação de improbidade administrativa contra Kennedy Moura, ex-chefe de gabinete do Banco do Nordeste. Na ação, divulgada na última sexta-feira, o MP relaciona José Guimarães como um dos supostos beneficiários do caso. Com isso, a situação de Guimarães na Assembléia pode se complicar. ”Deixei o relatório em aberto, para o caso de aparecerem novos fatos. Neste caso, qualquer partido pode entrar com representação, que vamos rever o processo”, disse Granja.

José Guimarães, em entrevista ao O POVO na sexta-feira, refutou a tese defendida pelo Ministério Público. ”Em nenhum momento o inquérito aponta indícios de ligações minhas com o episódio”, disse na ocasião. Mesmo assim os tucanos parecem já ter tomado a decisão de pedir a reabertura. ”Esta questão não foi finalizada, ficou apenas em stand by (espera). O PSDB entende que tudo precisa ser apurado, investigado”, disse a deputada Tânia Gurgel.

A possibilidade de mais uma investigação contra Guimarães não altera a agenda de votação do processo que trata da denúncia de caixa 2. ”Em nada muda neste sentido. Se for reaberto será outra etapa, outra votação”, disse a deputada Lêda Moreira (PSL), única representante da Comissão de Ética à declarar seu voto à reportagem. ”Votarei pela suspensão”, afirmou.

Guimarães afirmou ter recebido R$ 250 mil do diretório nacional do PT para pagar contas de campanha atrasadas. O relator do caso na subcomissão, Moésio Loiola (PSDB), contestou a versão e pediu, em seu parecer, a cassação do petista. Mas a subcomissão acabou aprovando, por dois votos a um, a emenda do deputado Artur Bruno (PT) que pede a suspensão de um mês. Com o recurso do PSDB, a decisão sobre a pena de Guimarães será do pleno do Conselho de Ética. Independente do resultado, cabe recurso ao plenário.